O mercado parece louco — mas há um padrão que quase ninguém está a ver

As casas continuam a vender-se rápido, os preços sobem e os rendimentos descem.
À primeira vista, o mercado imobiliário português parece uma montanha-russa — mas os dados mostram algo diferente: há um padrão claro por trás do aparente caos.
E perceber esse padrão pode ser a diferença entre tomar boas decisões… ou cometer os erros que custam caro.

 O novo retrato do comprador português

O relatório mais recente da idealista/créditohabitação (3.º trimestre de 2025) revela uma tendência que passou despercebida a muitos:
as famílias portuguesas estão a comprar casas 12% mais caras, pedindo 25% mais crédito — e com rendimentos 11% mais baixos.

O preço médio de compra subiu para 209.177 €, enquanto o valor médio de crédito solicitado atingiu 176.599 €.
Em contrapartida, o rendimento médio dos agregados familiares desceu para 3.088 € mensais, e o financiamento médio disparou para 86%.

👉 O resultado? Um mercado que continua a vender… mas onde as margens de segurança das famílias estão a encolher rapidamente.

 Juros mais baixos, decisões mais arriscadas

A queda da Euribor, de cerca de 4% em 2023 para pouco acima dos 2% em setembro de 2025, trouxe uma sensação de alívio.
Com taxas de esforço mais baixas, muitas famílias voltaram a conseguir crédito — mas também passaram a comprar no limite do que o banco permite.

O mesmo rendimento passou a “aguentar” prestações maiores.
E isso faz com que muitos estejam a viver mais no fio da navalha do que percebem.

Jovens e apoios: o efeito secundário da facilidade

Os novos apoios do Estado para jovens até 35 anos, como a isenção de IMT e a garantia pública, abriram portas a milhares de compradores de primeira casa.
No entanto, também criaram um efeito dominó: mais procura, preços mais altos e um financiamento médio que já ultrapassa largamente o que era habitual há dois anos.

Hoje, metade dos pedidos de crédito vem de jovens compradores — um sinal positivo para o futuro, mas também um indicador de maior exposição ao risco, com rendimentos ainda em fase inicial de carreira.

O mercado não está em crise — está a filtrar

É fácil pensar que “as casas vendem-se todas rápido”.
Mas o relatório mostra o contrário: vende-se rápido o que está certo — preço justo, boa apresentação e estratégia bem definida.

As outras… ficam meses nas plataformas, a perder tração e valor.

O mercado não está parado nem descontrolado.
Está seletivo.
E quem não entende esta diferença continua a operar com as regras antigas num jogo que já mudou.

📊 O retrato em números

Indicador 3T 2023 3T 2025 Variação
Crédito médio pedido 141 296 € 176 599 € +25 %
Preço médio da casa 186 386 € 209 177 € +12 %
Rendimento médio 3 479 € 3 088 € −11 %
Financiamento médio 78 % 86 %
Idade média 40 anos 37 anos

O que isto quer dizer na prática

O mercado continua dinâmico, mas com menos margem para amadores.
As famílias estão a comprar com mais prudência — e os vendedores que percebem isto adaptam-se, com estratégia e acompanhamento especializado.

Hoje, a diferença entre vender em dias ou em meses resume-se a três palavras:
posicionamento, estratégia e acompanhamento.

Conclusão

O crédito está a crescer, os rendimentos a descer e o mercado a transformar-se.
Mas é aqui que a estratégia faz toda a diferença.

Porque o mercado não pode ditar os teus resultados —
tem de ditar a tua estratégia.

E essa… é que vai ditar os teus resultados.

Daniel Baptista

Simplificar o imobiliário.


📎 Fontes dos dados
idealista/créditohabitação — Relatório Trimestral do Mercado de Crédito à Habitação (3.º trimestre de 2025), publicado a 23 de outubro de 2025.
Dados complementares do Banco de Portugal e Eurostat incluídos no anexo do relatório.

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